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Entrevista | Daniel Freitas defende Bolsonaro e afirma que pode ser candidato a prefeito em Criciúma

Por: Marcos Schettini
03/03/2023 13:53 - Atualizado em 03/03/2023 13:59
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Liderança que ganhou protagonismo na política catarinense após se eleger deputado federal em 2018, Daniel Freitas reafirmou seu elo com o bolsonarismo e foi reeleito em 2022 com 108 mil votos. Antes próximo à Presidência da República, o parlamentar agora busca ganhar espaço para fazer uma forte oposição ao presidente Lula da Silva.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o deputado federal pelo PL afirma não ter credenciais para “cravar” os motivos da derrota de Bolsonaro, mas apontou que numa eleição alguém ganha e alguém perde. Ainda, rechaçou a questão de que o bolsonarismo se utiliza de fake news e questionou: “Num país tão dividido e com os ânimos políticos à flor da pele, quem é que decide o que é verdadeiro ou falso?”.

Também, falou dos seus objetivos neste segundo mandato como congressista e, ao ser questionado sobre possível candidatura à Prefeitura de Criciúma, explanou que pretende continuar na Câmara dos Deputados, mas que pode mergulhar no pleito caso seja aclamado pelos criciumenses. Confira:


Marcos Schettini: Por que Jair Bolsonaro perdeu as eleições para presidente?

Daniel Freitas: Tem um provérbio que fala que “os sábios não dizem o que sabem e os tolos não sabem o que dizem”. Não tenho as credenciais, por assim dizer, de cravar um porquê do resultado das eleições. O que posso dizer, pois vi e vivi, é que durante a campanha nossas redes sociais foram diversas vezes tolhidas por falar verdades inconvenientes (como a proximidade do presidente Lula com o ditador Ortega da Nicarágua, por exemplo); que a campanha do candidato petista teve mais inserções de suas peças publicitárias em rádios no segundo turno; que o Brasil é um país polarizado; que ambos os candidatos possuíam clamor popular, portanto sabia-se que seria uma eleição acirrada, e que alguém perde e alguém ganha. É assim que as coisas funcionam.

Schettini: Ele não teria passado quatro anos falando todo tipo de bobagens e mentiras que prejudicaram sua reeleição?

Daniel Freitas: Eu não concordo com isso. Eu acompanhei de muito perto todo o mandato do presidente e sei que a maneira com que ele colocava certas verdades de forma mais enfática, pode ter sido interpretada de forma errada.


Schettini: As fakes news são uma doença que prejudica a Democracia. Por que bolsonaristas a utilizam tanto?

Daniel Freitas: O que são fake news? Pegamos um exemplo: quando surgiu o escândalo do conteúdo do notebook do Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden. Quem ousasse citar o caso, recebia um selo de “fake news” na testa, além de tomar gancho nas big techs. Inclusive, o jornal New York Post publicou uma reportagem baseada no conteúdo que havia sido achado nesse computador. A publicação dizia que Hunter tinha praticado corrupção em negócios no exterior. Na época, o texto foi censurado pelo Twitter por, entre outras questões, “propagação de fake news” e os posts que falavam sobre o assunto foram excluídos da rede social. Há poucos dias veio à tona que os conteúdos, assim como os mais de 20 mil e-mails, eram verídicos. Então a história toda de fake news caiu por terra? E quem foi prejudicado?

Cravar, portanto, que a mentira é um hábito costumeiro de quem coaduna com o presidente Jair Bolsonaro, é cravar que metade do país é mentirosa. Não acho isso correto e nem intelectualmente honesto. De toda forma, aceito e respeito a opinião que diverge da minha. Afinal de contas, num país tão dividido e com os ânimos políticos à flor da pele, quem é que decide o que é verdadeiro ou falso? Me parece que criar um Ministério Orwelliano da Verdade não seja lá a opção mais inteligente.


Schettini: São estes mesmos que, desacreditando as urnas eletrônicas, pediam intervenção militar. O Sr. tem a mesma opinião?

Daniel Freitas: Nunca pedi por intervenção militar. Creio que através do Estado Democrático de Direito, dos devidos processos legais respeitados e honrados, das instituições sólidas e incorruptíveis, da pura democracia, é que conseguiremos construir uma sociedade melhor.


Schettini: O Sr. acredita ou não nas urnas eletrônicas?

Daniel Freitas: Sim, inclusive sou totalmente a favor que saiamos da urna de primeira geração e que façamos um upgrade para a segunda geração, o que daria a possibilidade ao eleitor de conferir uma cédula impressa de votação sem ter contato direto com ela, os quais seriam depositados automaticamente em urnas separadas para eventual auditoria. Nada mais democrático que fortalecer ainda mais o nosso processo eleitoral.


Schettini: A bancada do PL em Brasília não está perdida dentro de um novo debate nacional?

Daniel Freitas: De forma alguma. Claro que agora estamos na oposição, é uma forma diferente de atuar. O que ocorre é que estamos absolutamente focados em reduzir os danos que o Lula e o seu time possam causar.


Schettini: O ex-presidente Bolsonaro não passou a faixa a Lula da Silva e saiu do país antes de terminar o mandato. O Sr. concorda?

Daniel Freitas: Concordo. (Ele voou para a Flórida no dia 30 de dezembro de 2022, que caiu numa sexta-feira).


Schettini: Tem um projeto na Câmara que impede uso de recursos do BNDES para financiar obras fora do Brasil. O que significa?

Daniel Freitas: Na verdade não impede que se use recursos do BNDES para financiar obras fora do Brasil, mas sim, que todas estas obras internacionais que serão custeadas a partir de empréstimos do Banco Nacional, passem também pelo crivo do Congresso e não apenas da Presidência da República. O que proponho na PEC do BNDES nada mais é que um maior cuidado com o dinheiro dos pagadores brasileiros de impostos. Acredito que trazer o Congresso Nacional, que é a Casa do Povo, para o centro desse assunto, é muito salutar.

Schettini: Quais são suas ideias, reais e possíveis, para seu segundo mandato?

Daniel Freitas: Como disse, como oposição trabalharei para barrar as possíveis barbaridades que outrora já vimos o PT fazer. Também darei continuidade a alguns projetos de minha autoria como, por exemplo, um PL que proponho maior tempo de cadeia para quem possuir, comercializar ou repassar imagens pornográficas de crianças e jovens (Lei Anjo Gabriel – PL 5618/20) na deep web; um projeto de lei que reduz em até 50% o valor dos materiais escolares (PL 2272/19) e tantos outros que estão por ora estagnados e que acredito que irão trazer benefícios para a população em geral. Sem contar que, já no primeiro mandato, tive dois projetos de leis e uma PEC de minha autoria aprovados e sancionados: a nova Lei da Informática - que prevê novo modelo de incentivos fiscais para empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e também para investimentos em pesquisa e desenvolvimento desse setor, substituindo isenções tributárias consideradas ilegais pela OMC; o PL 3042/2021 - que prorrogou o prazo de vigência de incentivos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores – PADIS; e a PEC 10 - Emenda Constitucional (EC 121, de 2022), que garante benefícios tributários a empresas de tecnologia da informação e comunicação e de semicondutores. Além de continuar viabilizando recursos para os nossos municípios, somente neste primeiro mandato, já somamos cerca de R$ 200 milhões em investimentos que retornam para o pagador de imposto e cidadãos catarinenses.

Schettini: O Sr. é candidato a prefeito de Criciúma?

Daniel Freitas: Recém assumi a minha segunda legislatura como deputado federal em Brasília. Foram 108.001 mil pessoas que confiaram em mim os seus votos para representá-los no Congresso Nacional. Não tenho outro foco senão manter o meu trabalho e honrar estas pessoas. E, se for da vontade da minha cidade natal, onde fui o deputado federal mais votado pela segunda vez, estarei à disposição.

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